
Entrevista com Eduardo Moody: Diretor da Ascamforte, Fotógrafo e Morador de Praia do Forte
12 de fevereiro de 2020 Off Por Segurança TINatural de Salvador-Ba, Eduardo Moody Silveira, 44 anos, graduado em Comunicação e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, é morador de Praia do Forte há 16 anos, Diretor para Assuntos de Meio Ambiente da ASCAMFORTE e tem como sua grande paixão a fotografia, sua expressão artística e profissional.
Sabendo do sucesso desse mestre da fotografia, ASCAMFORTE o entrevistou para que todos conheçam um pouco do artista.

AF – Desde quando o senhor é diretor da nossa entidade?

Eduardo Moody – Desde sua fundação, em 2018.

AF – Qual sua opinião sobre a atuação da ASCAMFORTE em Praia do forte?

Eduardo Moody – Acredito que uma entidade como essa é muito importante para o pensamento de nossa comunidade. Todos nós optamos por ter uma casa ou residir em Praia do Forte porque há aqui algo de muito prazeroso. A associação, nesse sentido, trabalha para em comum acordo continuar a pensar e a planejar os rumos desse nosso paraíso. Nós, enquanto cidadãos, precisamos unir esforços para podermos nos articular melhor com nossos dirigentes e demais entidades. Acredito que só assim evoluiremos enquanto sociedade.

AF -Quando o senhor começou a se interessar pela arte da fotografia? O que o motivou?

Eduardo Moody – Essa história é bem comprida, mas vou tentar resumir. O start mesmo se deu em 1995. Eu era um jovem surfista que adorava viajar na companhia de amigos e, numa dessas viagens, a mãe de um amigo nos emprestou uma câmera e decidimos que iríamos fotografar as coisas legais da viagem. Naquela época, as câmeras usavam filmes e tínhamos um número limitado de cliques para fazer. Quando fomos revelar as imagens, vi que minhas fotos tinham uma boa composição, um olhar legal e eu tinha algum feeling para aquilo. No ano seguinte, o então namorado de minha irmã me emprestou a câmera dele (uma câmera russa, Zenith), que trocava de lente e tinha foco manual. Eu simplesmente fiquei empolgado com aquela “modernidade” e, no ano seguinte, em 1997, meu irmão fez uma viagem internacional e trouxe para mim minha primeira câmera dada de presente pelo meu saudoso Pai. A partir daí, nunca mais parei de “brincar” de fotografar.

AF – O que é necessário para se tornar fotógrafo da sua qualidade?

Eduardo Moody – Poxa, muito obrigado pelo elogio. Para mim, o requisito básico é a paciência. Sem paciência não tem jeito em fotografia. É com ela que você tenta, tenta, tenta até acertar um ângulo, um enquadramento, uma composição. Têm fotos minhas que eu só fiquei satisfeito depois de alguns anos de tentativa. Não tem para onde correr: é preciso paciência.

AF – Praia do Forte lhe traz inspiração para fotografar?

Eduardo Moody – Muita inspiração!! Foi aqui e é aqui que eu recarrego minhas baterias, que consigo relaxar. Praia do Forte me ajudou a treinar meu olhar para as coisas belas, simples e que tem fundamental importância em minha vida. As cores, movimentos, texturas, brilhos, as pessoas daqui me fizeram aprender a entender um pouco mais sobre a natureza e os homens. Acredito que esse mix está, sem dúvidas, digerido em minha arte.

AF – Quantas exposições já realizou até hoje?

Eduardo Moody – Minha mesmo foram 8 exposições. Participei como convidado em algumas outras, mas coloco mesmo na conta essas oito.

AF – “A busca pela dramaticidade em cada quadro faz de Eduardo Moddy um servo da fotografia”. De quem é essa frase e o que o senhor achou dela?

Eduardo Moody – Essa frase é de autoria de minha curadora (e companheira) Andréa Beraldo, que há 2 anos tem se dedicado exclusivamente em minha carreira artística. Ela sempre diz que eu busco, em minhas fotos, contar uma narrativa que às vezes pode aparecer numa única foto, sem necessariamente precisar de uma série para contar algo. E quando eu quero muito tirar uma determinada foto, levo o tempo que for preciso para conseguir o feito. Acho que é por esse caminho que foi a linha de raciocínio dela…

AF – O senhor adotou a fotografia como sua profissão ou é apenas um hobby?

Eduardo Moody – A fotografia é minha paixão, meu hobby e meu ganha pão oficial desde 1998.

AF – O senhor acha que já sabe tudo sobre fotografia ou tem algo a aprender?

Eduardo Moody – Não, jamais! Ainda mais trabalhando com uma arte que exige uma máquina, que está em constante evolução a cada momento. Existem fotógrafos que amam a tecnologia, gostam do equipamento; gostam de ficar limpando, mexendo nos botões, ficam no maior “dengo”. Eu não… minha paixão não é pela câmera, mas pelo o que ela pode me proporcionar e como ela serve como o veículo para que eu possa me expressar. Não tenho apego ao meu objeto câmera em si, mas ao ato de fazer e o seu resultado, a imagem. Por conta disso, estou sempre estudando sobre aprimoramento de técnicas, novos recursos; frequento feiras de arte, conheço novos artistas, tudo para expandir mais meu campo de visão e conhecimentos sobre minha área.

AF – O senhor faz ou pretende fazer fotografias aéreas?

Eduardo Moody – Eu faço fotografias aéreas há mais de 15 anos. Quando algum cliente me contrata pedindo fotos aéreas, alugo um helicóptero e com o equipamento certo me aventuro pelos ares.

AF – Todos temos preferências. O que o senhor gosta mais de clicar. Fotos de natureza, retratos, viagens, publicidade, institucional?

Eduardo Moody – Que pergunta difícil!! Eu gosto de fotografar. Não é o objeto em si que está em questão para mim, mas o ato de fotografar. Às vezes se especializar é muito bom e importante, até para se destacar num determinado nicho. Mas eu, nesse tempo de profissão, não consegui “nichar”. Eu amo movimento, amo texturas, cores, volumes, linhas … e isso tudo nós encontramos em fotos de natureza, retratos, fotos de moda, de arquitetura, em todos os segmentos. Por isso opto por não me rotular – “olha, sou um fotógrafo só disso”. Como sou um curioso por natureza, transito por vários lados e olhares.

AF – Conhecemos lindas fotografias clicadas pelo senhor. Qual o segredo para ser tão eficiente?

Eduardo Moody – Nossa, muito obrigado pelo elogio! Acho que minha “eficiência”, como você diz, é decorrente da minha persistência. Não é fácil ser fotógrafo e querer viver de arte. É puxado. O investimento é muito alto, é muita ralação, mas eu não olho por esse lado. Eu não seria feliz fazendo outra coisa. Então, eu gosto de ver o mundo “enquadrado” e isso me leva a ter uma rotina que inclui estudo – pesquisa (parte teórica) e muita parte prática. Acredito que vem daí essa suposta eficiência: o quanto eu invisto do meu tempo na fotografia.

AF – O senhor reside em Praia do Forte? Isso favorece o seu trabalho fotográfico?

Eduardo Moody – Moro em Praia do Forte desde 2004 e morar nesse paraíso, sem dúvidas, favorece meu trabalho artístico em algumas partes. Sou surfista, amo o mar, amo o verde, o barulho dos pássaros, gosto de gente e gosto da sensação de morar num lugar pequeno. Meu nível de stress é menor comparado a quem mora em cidades e isso, sem dúvidas, contribui para o lifestyle de um artista que ama a simplicidade.

AF – Seu trabalho já é conhecido fora do nosso estado?

Eduardo Moody – Acho que sim, mas ainda pouco. Faço trabalhos grandes para empresas fora da Bahia; costumo viajar muito para outras regiões do país, mas esta é uma das metas de minha parceria com Andréa – levar meu trabalho artístico para fora do estado.

AF – Sabemos também que o senhor faz palestras sobre fotografias, a exemplo de “A vastidão dos Rios Maranhenses”. Essas palestras têm um custo para assisti-las ou são gratuitas?

Eduardo Moody – Todas as palestras que tive oportunidade de ministrar foram totalmente gratuitas. Para mim, é sempre um prazer falar de fotografia!

AF – E cursos sobre fotografias. Se alguém se interessar sobre a arte tem aonde conhecer melhor?

Eduardo Moody – Volta e meia eu ministro algum workshop voltado para uma temática específica. Sugiro que as pessoas me sigam tanto no Instagram, pois sempre posto lá novidades, quanto assinem minha newsletter, que são os dois principais canais de divulgação que tenho utilizado. Meu Instagram é @fotografiaseduardomoody e minha newsletter é assinada na minha página (tem um link para se inscrever) – www.eduardomoody.com.br

AF – Tomamos conhecimento de que crianças com deficiência auditiva visitaram uma das suas exposições guiados pelas fotografias. Como foi isso?

Eduardo Moody – Nesta exposição que está em cartaz – “Sal, suor & labor” –, fizemos essa atividade pela segunda vez. A primeira foi numa exposição de 2018, em Salvador. Tudo surgiu com uma proposta de Andréa, que lecionava numa universidade e sempre falava sobre uma amiga que é Intérprete de Libras. Numa de nossas conversas, veio a ideia: e se levássemos um grupo de surdo para fazer uma visita guiada com o auxílio dessa intérprete? Fizemos e foi, para mim, o melhor dia da exposição. Fiquei muito feliz com o resultado; os jovens são muito atentos, sabem muito das coisas e colocamos isso como um de nossos propósitos no trabalho artístico – tentar trabalhar um pouco com inclusão. É difícil para caramba, dá o maior trabalho organizar a logística, mas o resultado final é sempre muito motivador e inspirador. Devemos agradecer muito à Alessandra Calixto, professora e intérprete de Libras que nos acompanhou nessas duas aventuras.

AF – O senhor tem dificuldade de divulgar sua arte da fotografia?

Eduardo Moody – Já sim. A imprensa é sempre bem receptiva quando enviamos releases; já fomos convidados para participar de programa de rádio, de televisão…

AF – A imprensa baiana já fez reportagens sobre o seu trabalho?

Eduardo Moody – Infelizmente sim. Nós, brasileiros, adoramos arte, adoramos cultura, mas temos uma certa “preguiça” para consumir bens culturais. Todas minhas exposições até hoje foram gratuitas, com temas, digamos, “leves”, que podem ser apreciados por todos e mesmo assim a presença do público podia ser maior. Mas qual a profissão que não tem suas dificuldades? As dificuldades fazem parte da rotina de todas as pessoas que se dedicam ao que amam fazer e não se contentam com o que é dado a priori.

AF – Está acontecendo a Exposição SAL, SUOR & LABOR, na Creche Escola Finn Larsen em Praia do Forte. Como o senhor está vendo a repercussão dessa exposição?

Eduardo Moody – Trabalhar com arte nunca é fácil em nosso país. Ainda temos muita estrada para percorrer em termos de “consumo de arte”. Brasileiro quando viaja para fora sempre visita vários museus, mas no próprio país essa realidade é muito diferente. Acho que a visitação poderia estar mais intensa, mas isso não me surpreende por já entender como o mercado funciona. Só acho uma pena, porque isso muitas vezes desmotiva o artista a querer continuar investindo na produção de eventos, ainda mais num evento como esse, totalmente gratuito, num espaço de fácil acesso e que contempla um tema que é tão lindo, que é a pesca artesanal. É sempre “um parto” querer faze projetos desse tipo. Se você produz um evento pago, às vezes o retorno não é o esperado porque era pago; se você faz um evento gratuito, parece que a população não valoriza. E olha que não estou falando só de indivíduos da comunidade – minha leitura e minha crítica se estende a todos, sem restrição de classe social, cor, idade ou religião. O bom disso tudo é que exposições servem também como local de reflexão, de crítica, de construção. Faz parte desse “fazer” esses momentos de análise social. Optamos por não colocar a exposição a priori num museu fechado ou num local pago a fim mesmo de propiciar à comunidade uma relação mais próxima com o projeto. Ainda estamos na segunda semana de exibição – têm mais 2 semanas pela frente. Só fica aqui meu registro de que acredito que nossos gestores e empresários que pensam e vivem da Praia do Forte precisam entender que trazer arte e cultura para nosso vilarejo é extremamente enriquecedor em termos financeiros, econômicos, sociais e culturais. Eu acredito e luto por isso.

AF – O senhor gostaria de esclarecer mais algum detalhe da sua profissão? Fique à vontade.

Eduardo Moody –
EM – Sempre me perguntam como é viver de fotografia. Eu escolhi trabalhar com minha paixão e é uma coisa que falamos muito em minha família e quero ensinar isso para meu filho: escolha sua profissão de acordo com suas vontades, seus desejos e que o dinheiro não seja o primeiro item dessa lista. Você vai trabalhar anos a fio nessa profissão escolhida e ela precisa te dar prazer, porque é isso que vai te fazer levantar da cama todos os dias para trabalhar. Eu não sei se eu escolhi a fotografia ou se ela me escolheu. Às vezes não temos dias bons; outros são maravilhosos e acho que o dinheiro é consequência de um esforço. Para mim, outros valores aparecem muito antes do dinheiro. Fotografia não é uma área para quem deseja riqueza material, mas é muito prazerosa e me permite desfrutar de um lifestyle que eu sou muito grato por poder ter, assumir e bancar.
Se quiserem conhecer um pouco mais sobre meu trabalho, meu site é: www.eduardomoody.com.br
Meu instagram é @fotografiaseduardomoody