Entrevista com o Biólogo Fabio Lima

1 de dezembro de 2019 Off Por Assessoria de Imprensa

A reportagem da ASCAMFORTE visando esclarecer dúvidas com relação a Lagoa Timeantube, uso de fumacê, presença de insetos e outras situações em Praia do Forte, ouviu o Biólogo Fabio Lima, que discorreu sobre os assuntos nessa exclusiva entrevista.

Fabio Lima é Biólogo / CRBIO: 105.546/08 – da Prefeitura Municipal de Mata de São João, é Coordenador de Unidades de Conservação – COUSAM e o Gestor do Parque Klaus Peters

Reporte Ascamforte

Sr. Fábio. Qual a sua função na Prefeitura de Mata de São João?

Sou Coordenador de Unidades de Conservação Educação e Saneamento Ambiental e Gestor do Parque Klaus Peters.

Reporte Ascamforte

 Qual a situação atual da Lagoa do Timeantube?

fabio lima

Em que sentido? preciso entender em que parâmetros estão querendo saber.  Se for em relação a água o INEMA realiza boletins semanais em relação a balneabilidade da lagoa que são disponibilizados do site do próprio órgão estadual, se for em relação a outorgas no site do INEMA também é possível (se não me engano) verificar as licenças que foram concedidas pelo estado em relação a isso. Se for a questão histórica a Lagoa Tiemeantube é um barramento do Rio Açú que no início dos anos 80 servia para abastecer a vila de Praia do Forte.

Reporte Ascamforte

Está sendo iniciada pela PMSJ a limpeza da lagoa. Nessa limpeza o que será retirado?

fabio lima

Será realizado um manejo sustentável da vegetação que com as chuvas que ocorreram esse ano cresceram de forma excessiva na lagoa sem prejudicar as aves e outros animais que utilizam a vegetação para construir seus ninhos, para se alimentar ou se esconder de predadores.

Reporte Ascamforte

A vegetação existente, uma das reclamações dos síndicos de condomínios e moradores, será retirada? Por quê?

fabio lima

As pessoas precisam entender que estão inseridos em uma APA (Área de Proteção Ambiental) cercados de vegetação, 23% de vegetação nativa da Mata Atlântica original existente (dados da fundação SOS mata atlântica). São aproximadamente 300 hectares da Unidade de Conservação de Proteção Integral Parque Klaus Peters e aproximadamente 600 hectares da Reserva da Sapiranga isso representa 41 % de áreas protegidas da antiga fazenda Praia do Forte isso sem contabilizar as APPs (Áreas de Proteção Permanentes e ZPR (Zonas de Proteção Rigorosas). Os moradores locais (Nativos) não costumam reclamar da vegetação nativa existente pois algumas dessas famílias conviveram e convivem durante muito tempo utilizando de seus recursos como frutas, raízes e essências que mantem viva a cultura de seu povo.  Em relação a pergunta, não!  A LEI FEDERAL Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012, (Novo Código Florestal) Dispõem em seu Art. 1º–  Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, Áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos.

Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

II – Área de Preservação Permanente – APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

O Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Mata de São João segue os mesmos parâmetros estabelecidos pelo Governo do Estado da Bahia que inclui a Lagoa Timeantube que está dentro da Unidade de Conservação de Proteção Integral, Parque Klaus Peters, dentro de uma ZPR (Zona de Proteção Rigorosa) que estabelece critérios para seu uso, nesses espaços são permitidos visitação contemplativa, Pesquisa cientifica e trilhas ecológicas controladas sendo vedado o uso de motores e a explosão. Repovoamento com espécies da fauna e flora local. Obrigatoriedade de recomposição da vegetação original. O Uso e exploração turística sujeito à aprovação ambiental. A Lei Federal número 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. Art. 1° Esta Lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação.

Art. 2 Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I – Unidade de Conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; VI – proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais; IX – uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais.

 Por ser uma APP inserida em uma ZPR e está dentro de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral da natureza a “limpeza” da lagoa Timeantube é realizada seguindo a legislação e assegurando que as espécies da fauna que utilizam a vegetação da lagoa como matéria prima para construir seus ninhos além de servir de abrigo para outra diversidade de aves, anfíbios, repteis e mamíferos possam ter garantido e assegurado seu direito a sobrevivência que é soberano a preocupação estética da mesma.

Através dos aspectos legais apresentados o manejo da vegetação vem sendo realizado através de orientações técnicas prestadas pela equipe do município.

AF – Uma grande quantidade de síndicos e moradores, reclamam do excesso de muriçocas em PDF? Isso tem a ver com a sujeira da Lagoa?

Sujeira? Importante frisar que a lagoa não está suja e que o governo do estado através do INEMA realiza boletins de balneabilidade da lagoa conforme já foi explicitado em respostas anteriores. O que existe é um excesso de vegetação que se desenvolveu e que através de um manejo sustentável  isso vem sendo remediado assegurando que as espécies da fauna que utilizam a vegetação da lagoa como matéria prima para construir seus ninhos além de servir de abrigo para outra diversidade de aves, anfíbios, repteis e mamíferos possam ter garantido e assegurado seu direito a sobrevivência que é soberano a preocupação estética da mesma.

A proliferação de insetos precisamente as muriçocas é uma constante em ambientes cercados de florestas como a Praia do Forte e muitas vezes em centros urbanos grandes. Em ambientes como a lagoa onde existem anfíbios, peixes e outros predadores das larvas de mosquito não acredito nessa correlação. Diferente das informações que são constantemente divulgadas do acumulo de água nos centros urbanos devido a restos de obras pneus e etc.. que favorecem a proliferação de mosquitos.    

Reporte Ascamforte

O senhor é favorável ao uso do Fumacê? Por quê?

Estou aqui respondendo a uma entrevista como funcionário do município vou preferir continuar a colocar meus posicionamentos desta maneira. Em relação a pergunta tenho uma opinião pessoal que não vem ao caso nessa entrevista, vou preferir me posicionar aqui sobre os efeitos negativos da utilização da pratica do fumacê. Conforme orientações do Ministério da Saúde, o fumacê somente é indicado em locais onde existe alto índice de infestação do Aedes aegypti e transmissão de dengue com casos notificados. Me parece que Praia do Forte não contempla esses indicies.

Outro fator negativo é a morte associada ao fumacê de polinizadores como abelhas e borboletas, sei que em alguns estados essa pratica já foi proibida.

Alguns condomínios não realizam mais essa pratica e presto aqui meus parabéns a essa consciência.

Reporte Ascamforte

Existem outros métodos de combate a esses insetos?

 Existem uma serie de métodos que podem ser utilizados, não sou especialista na área mais em pesquisa rápida na internet e com a ajuda de um profissional da área é possível utilizar esses métodos.

Reporte Ascamforte

O prefeito divulgou na reunião, sobre um projeto para implantação de pistas de portadores de necessidades especiais para as praias. O senhor poderia explicar como isso vai funcionar? E quando?

Estou lotado na Secretaria de Meio Ambiente, tenho conhecimento do projeto praia acessível que já realizado no verão mais não tenho as informações para prestar de forma segura, acredito que a secretaria de cultura e turismo ou o assessor de comunicação podem informar com maiores detalhes sobre esse projeto.

Reporte Ascamforte

O senhor reside em Praia do Forte?

Sim! estou na Praia do Forte há 22 anos contribuindo por esse local e essa comunidade que me acolheu tão bem ao longo desse tempo.

Reporte Ascamforte

Todos dizem que Praia do Forte é um paraíso. Para o senhor ainda temos muitos problemas na localidade, que possam ser resolvidos? De que forma, os síndicos dos condomínios e moradores podem ajudar para a solução dos problemas?

Gostaria de mais uma vez colocar que estou como servidor público respondendo a essa entrevista e minhas opiniões pessoais neste momento não importam. Todo Paraíso carece de melhorias sempre e acredito que aqui seja da mesma forma, estou aqui junto com mais algumas pessoas, não sei se são muitas, mais buscando contribuir de maneira ativa e atuante dentro das responsabilidades técnicas inerentes ao meu cargo e como cidadão busco contribuir para melhoria da minha cidade exercendo minha cidadania.

Reporte Ascamforte

O senhor conhece as ações da ASCAMFORTE? Visita o site www.ascamforte.com.br?

Não conheço muitas ações mais acredito que a associação possa contribuir muito com a localidade conciliando os interesses dos condomínios com os interesses da comunidade e das diversas frentes que ela se propôs a atuar visando o bem comum.

Reporte Ascamforte

 Obrigado e conte sempre com a nossa entidade.

Agradeço a oportunidade de poder esclarecer alguns pontos que possam gerar duvidas e questionamentos e que todos possam abrir seus corações para entender que cuidar da natureza, artigo 225 presente na constituição brasileira, não pode acontecer quando uma espécie se sobrepõem sobre outras. Vivemos e compartilhamos do mesmo planeta.